Alegria: a entrega ao corpo e à vida.

"É a consciência de si e a posse de si que permitem a expressão de si no mundo, com alegria." – Alexander Lowen

A Análise Bioenergética baseia-se em um conceito de unicidade, onde tudo o que acontece na mente deve estar acontecendo no corpo. O corpo é palco das experiências mentais, e a mente reflete os processos corporais. Por exemplo, uma pessoa deprimida manifestará em seu corpo uma atitude semelhante: funções corporais, como o metabolismo, por exemplo, estão deprimidas.

Assim, a mente pode influenciar o corpo, na mesma medida em que o corpo influencia a mente. Todavia, a mudança gerada no corpo por meio da mudança de atitude mental pode não ser tão eficaz e duradoura, a menos que os processos corporais sejam modificados. Por outro lado, ao trabalharmos diretamente na recuperação de funções corporais, como a respiração, a movimentação, a percepção sensorial e a autoexpressão, obtemos um efeito imediato e duradouro sobre a atitude mental do indivíduo. Dessa forma, para Lowen, aumentar o nível de energia da pessoa é uma mudança fundamental a ser obtida pelo processo terapêutico, a fim de libertar o indivíduo das restrições do seu passado e das inibições do presente.

Para Lowen, a meta da Bioenergética é ajudar o indivíduo a resgatar o potencial pleno de seu ser, já que todos aqueles que buscam a terapia sofrem uma grande diminuição em sua capacidade de viver a vida com prazer e plenitude, devido aos traumas ao longo de sua vida. Assim, esse é o distúrbio básico da personalidade, subjacente aos sintomas que apresentam. Esses sintomas denotam como o indivíduo foi prejudicado em seu processo de desenvolvimento e, para o autor, o que reside como base desse prejuízo é a perda de uma parte de seu Self.

As funções básicas, que são pilares do templo do Self, são: consciência limitada de si, autoexpressão restrita e senso de autodomínio reduzido. A fraqueza desses aspectos gera insegurança na personalidade, o que corrói os esforços do indivíduo que busca experimentar paz e alegria, conferindo à vida satisfação e sentido. Todavia, superar tais limitações é um objetivo ambicioso para qualquer iniciativa terapêutica, não sendo fácil de se conquistar. Se não houver clareza acerca do objetivo terapêutico, a pessoa se perde em um labirinto de ambivalências que confundem e frustram todos os seus esforços.

Claudia Casavecchia

LOWEN, Alexander. Alegria: a entrega ao corpo e `a vida. Sao Paulo: Summus, 1997.