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La Loba, a mulher lobo

  • Foto do escritor: Cláudia Casavecchia
    Cláudia Casavecchia
  • 22 de abr.
  • 2 min de leitura

O conto La Loba, presente no livro Mulheres que Correm com os Lobos, de Clarissa Pinkola Estés (1994), narra a história de uma mulher mítica que vive sozinha no deserto e tem a missão de recolher ossos de animais — especialmente de lobos — para, depois, cantá-los de volta à vida. Representando o arquétipo da mulher selvagem, La Loba simboliza o poder da intuição, da ancestralidade e da criatividade feminina que restaura o que foi perdido, esquecido ou ferido na alma. Ao reunir e reviver os ossos, ela guia o renascimento psíquico e espiritual, conectando as mulheres à sua natureza instintiva mais profunda.


“Todos nós começamos como um feixe de ossos perdido em algum ponto no deserto, um esqueleto desmantelado que jaz debaixo da areia. É nossa responsabilidade recuperar suas partes. Trata-se de um processo laborioso que é bem mais executado quando as sombras estão exatamente numa certa posição, porque exige muita atenção. La Loba indica o que devemos procurar — a indestrutível força de vida, os ossos.” (ESTÉS, 1994, p. 42)


A autora pontua que esse conto é uma ponte de ressurreição entre o mundo subterrâneo e a Mulher Selvagem, e afirma que, ao cantarmos sua canção diante dos restos psíquicos do espírito da Mulher Selvagem, poderemos trazê-la de volta à sua forma vital. Na história, La Loba canta sobre os ossos que reuniu — e cantar, aqui, significa resgatar a voz da alma, sussurrando a verdade do poder e da necessidade de cada um, soprando vida sobre aquilo que precisa ser restaurado. Trata-se de um resgate da pulsação da vida. Estés (1994) afirma que as mulheres incorrem no erro de buscar esse sentimento em outra pessoa, mas que é uma função feminina descobrir a paixão num trabalho interior e solitário, nos desertos da psique.


La Loba, a mulher selvagem que reside em cada mulher, é também conhecida como a Mãe dos Dias — Mãe Nyx, Durga, Coatlicue, Hécate — e representa a memória arquivada das intenções femininas, preservando essa tradição. Seu conto, descreve a casa de La Loba como:


“Aquele lugar no tempo, no qual o espírito das mulheres e o espírito dos lobos se encontram — o lugar onde a mente e os instintos se misturam, onde a vida profunda da mulher embasa sua vida rotineira. O lugar onde as mulheres correm com os lobos.” (ESTÉS, 1994)


Essa mulher se encontra entre os universos da racionalidade e do mito, representando a articulação onde esses dois mundos giram. Esse espaço entre os mundos é vivido por todas nós, e pode ser reconhecido como aquele lugar inexplicável que acessamos quando recorremos à poesia, à música, à dança ou às histórias. Assim, toda mulher tem acesso potencial ao chamado Rio Abajo Río. Todavia, a autora salienta que, apesar da riqueza que habita esse espaço interno, é preciso muita responsabilidade para mergulhar nessas águas e retornar purificada, em vez de perder-se num êxtase que desintegra a mulher, ao invés de favorecer sua integração.


Cláudia Casavecchia


ESTÉS, Clarissa Pinkola. Mulheres que correm com os lobos: mitos e histórias do arquétipo da mulher selvagem. Tradução de Waldéa Barcellos. 2. ed. Rio de Janeiro: Rocco, 1994.

 
 
 

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